Nunca esqueci aquele dia,
29/09/2005, quando o médico deu o resultado dos exames...
- Sinto muito, mas o resultado
deu “positivo”.
Fiquei atordoado sem saber o
que dizer. Olhei para minha linda mulher tentando dizer alguma coisa quando
percebi o seu olhar meigo e um tanto triste, colocou as suas mãos no meu rosto
e com um breve sorriso disse “calma vai dar tudo certo”.
Percebi naquele instante que eu
estava mais nervoso e preocupado do que ela.
A sua serenidade e a
tranquilidade com que recebeu aquela notícia me surpreendeu e me fez acreditar
que conseguiríamos vencer mais essa etapa das nossas vidas.
Sabia que ia ser difícil e
sinceramente busquei forças de dentro de mim para não chorar, não gritar
“porque isso tinha que acontecer com ela, uma mulher nova, maravilhosa, que tem
tantos sonhos?...”.
Contive-me, pensei em tudo
aquilo e disse para mim mesmo, “não importa o que aconteça, ela jamais estará
sozinha eu estarei com ela sempre, não importa a hora e o lugar. Ela é a mulher de minha vida, o meu
amor, a minha amiga, a minha paixão, a minha tão sonhada e inacreditável “ALMA
GEMEA”.
É verdade, encontrei o tesouro
que sempre procurei e buscarei forças não importa da onde para vencermos
juntos, esse tal câncer de mama”.
Aquela sala de triagem no INCA
com todas aquelas mulheres, algumas pensativas, outras nervosas e impacientes.
Pude perceber uma coisa estarrecedora que veio mais tarde a ser confirmada pela
assistente social, a grande maioria estava só e muitas delas abandonadas pelos
maridos e sem o apoio necessário da família.
Quantas delas estavam
precisando de um afago, um carinho, uma palavra de conforto para ter ânimo e
coragem de seguir em frente.
Nesses momentos se eles,
maridos e parentes, soubessem a força que dão, de segurar com carinho as mãos
dessas mulheres, olhar para seus olhos com ternura, com carinho e dizer “eu te
amo, você não está sozinha”. Acreditem, isso pode ajudar muito na recuperação e
no equilíbrio emocional que é tão importante na recuperação da doença.
Foram longos os dias após a
cirurgia de retirada dos nódulos, quimioterapia, radioterapia, psicólogo e
assistente social. Sempre estive ao seu lado, noite e dia, cuidando, brincando,
sorrindo, chorando...
No momento muito delicado que
foi a queda total dos seus cabelos, seus lindos e longos cabelos que ela sempre
se orgulhou, eu estava lá, e pude dizer para ela “você está linda” e recebi um
presente, um lindo e sincero sorriso que jamais esqueci...
Ela ficou muito bem
“carequinha” e para que as pessoas não ficassem olhando só para ela o tempo
todo, raspei o meu também, assim, dividimos as atenções. Ela não se adaptou à
peruca, coçava, era muito quente, enfim, foi ótima a decisão.
Ela se recuperou, os cabelos
começaram a crescer e após 11 meses em novos exames de rotina o médico nos deu
a notícia que haviam novos nódulos e que haveria necessidade de uma nova
cirurgia para retirada. Dessa vez seria um pouco mais radical.
Não conseguia acreditar
naquilo, depois de tanto sofrimento teríamos de recomeçar, não restava naquele
momento outra alternativa, se não recomeçar...
Para variar, minha esposa
serena, me dava força e equilíbrio emocional e, juntos, iniciamos todos os
exames até ser marcada a nova cirurgia.
Eu rezava muito e passei a
procurar todas as alternativas possíveis para tentar salvar minha linda mulher
e foi então que um amigo falou do Centro Frei Luiz, em Jacarepaguá. Fomos para
conhecer e ela começou a fazer um série de sessões de cirurgias espirituais com
um médium da casa, incorporado com o espírito do Dr. Frederick.
Na véspera da cirurgia no INCA,
fizemos a última visita ao Frei Luiz, onde minha mulher recebeu a seguinte
mensagem “você está curada, mas não deixe de procurar os médicos”, e recebeu
alta do tratamento de cura.
Voltamos para casa e
conversamos muito sobre tudo aquilo e ela como sempre, tranquila e com um
pensamento positivo. Nunca ouvi a minha mulher reclamar, se revoltar ou ter
reações que não fossem naturais para a situação. Ela sempre teve muita fé e
confiança que tudo sairia bem e a única coisa que ela me pediu olhando, apenas
olhando para dentro dos meus olhos foi: “segura a minha mão!”.
No dia seguinte seguimos para o
INCA para a cirurgia, dei um beijinho nela e ela me disse para ficar calmo e
fiquei ali até finalizar o preparo e a ver seguir na maca para o centro
cirúrgico.
Saí dali com um aperto no
coração, sem rumo, até que cheguei à Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, e ali
fiquei por algum tempo rezando, chorando, pedindo a Deus pela aquela mulher
maravilhosa que tanto me fazia feliz, aquela mulher querida por tantos, aquela
mulher que lutava com tanta coragem e fé para se curar.
De repente tocou o meu celular
e ao atender ouvi do outro lado uma voz suave e calma dizendo para mim “vem me
buscar, amor, eu não precisei operar, os nódulos sumiram. Os médicos me
perguntaram se eu tomei DORIL”.
Comecei a chorar
compulsivamente no meio da rua e paralisado ali fiquei sem conseguir dar um
passo, só conseguia dizer “obrigado meu Deus!”
Liguei para toda a família
falando desse milagre e não é preciso dizer que ninguém conseguia acreditar no
que estava acontecendo.
Merecimento. Foi essa a
explicação no Frei Luiz, não importa quantos peçam por você, quantos lugares
diferentes você vá, você tem que merecer e foi isso que aconteceu. No centro
cirúrgico, os médicos (três) ao examinarem, para marcar os nódulos nada
encontraram, ainda na cama com a enfermeira, os médicos e anestesista, ninguém
entendeu o ocorrido. Ao médico coube perguntar em tom de brincadeira “o que
houve, tomou Doril?”
Era dia dos médicos e minha
mulher ao receber a notícia ainda deitada beijou a mão do médico, deu parabéns
pelo seu dia e disse: “são as energias positivas”. Ele escutou e deu um sorriso
de contentamento.
Há uma curiosidade. O nome do
cirurgião do INCA, na época, era Dr. Frederico.
Só agora, não sei por que,
decidi escrever tudo isso, já se passaram seis anos, e até então minha esposa
está curada e linda como sempre. Está trabalhando, e muito por sinal, mais do
que deveria, porém, ela é assim mesmo, guerreira, cheia de vida e eu agradeço a
Deus por ter merecido ser o homem da vida dela, de ter o privilégio de viver ao
seu lado, que espero sinceramente, se Deus der uma mãozinha, por toda a
eternidade, Fui...
Sidney Paternoster Esteves
17/11/2011